A estreia da versão brasileira de Carrossel, no SBT, na noite da última segunda-feira (21/05) causou comoção no Brasil. Os surpreendentes números de audiência apontaram que a novelinha infantil conquistou a vice-liderança no horário e mais do que dobrou a audiência para a emissora. Muito disso se deveu, evidentemente, a curiosidade do telespectador em assistir a versão brasileira de uma das tramas infantis de maior sucesso da História. As crianças da geração de 1990, hoje adultos, tem como um dos momentos televisivos mais importantes assistir Carrossel.
Ao se analisar uma novela infantil é preciso cuidado. Evidente que se faz necessária uma avaliação técnica do produto, afinal, se ele está no ar é preciso que a produção tenha um conceito técnico claro e que consiga levar ao ar uma produção de qualidade e que consiga reunir os elementos necessários para o sucesso sem que isso fira a qualidade técnica. Porém, não se pode esquecer que o principal consumidor desta obra são as crianças e elas não tem qualquer domínio sobre as técnicas de telenovelas e, por conta disso, o principal enfoque do produto deve ser saber dosar a fantasia e a realidade e envolver as crianças.
No segundo ponto todos os envolvidos com a produção da novela foram extremamente felizes. A direção acertou em cheio ao conseguir unir e aproximar o cotidiano das crianças nas escolas às fantasias que uma obra de TV precisa ter para garantir a audiência das crianças. As travessuras, os grupos que se formaram, os dramas bastante humanos, o bom humor, todos os elementos que estiveram presentes no texto foram fundamentais para que os pequenos telespectadores demonstrassem interesse em acompanhar a novela.
A parte técnica, porém, deixou a desejar. Se a direção acertou em cheio na edição das cenas, fotografia e posicionamento nas câmeras, não conseguiu fazer um grande trabalho com o elenco. Se as crianças não demonstraram qualquer talento para a interpretação, salvo alguns bons momentos de uma outra criança e da feliz escolha para o garoto que interpreta Paulo, o problema maior se deu com os adultos. Atores que deveriam ser experientes para segurarem as cenas caíram no tatibitati infantilóide e, mesmo em cenas apenas entre adultos, permaneceu o tom infantil e os diálogos em forma de jogral. Isso incomodou.
O texto de Íris Abravanel é correto, mas neste primeiro capítulo notou-se um problema. As crianças não tem qualquer condição de improviso ou de produzir cacos - pequenas mudanças no texto - e a direção não teria condições de contribuir para isso, visto que são muitas as responsabilidades. Caberia a autora produzir em seu texto diálogos com palavras menos formais e que se aproximem mais do que as crianças costumam falar, sem que pareça um discurso decorado, como aconteceu em diversos momentos. A solução neste caso, seria tomar a atitude que a Rede Globo costuma tomar ao adotar coachs - treinadores - para ajudarem as crianças a entenderam o texto e não apenas decorá-lo.
Os pequenos deslizes técnicos de Carrossel poderiam ser facilmente corrigidos, porém, parece que se tornam inviáveis as correções, uma vez que a novela estreia com 90 capítulos concluídos, o que não permite qualquer análise por parte da produção a fim de corrigir os erros. Uma pena.
Mas, o mais importante, é que a novela conseguiu entreter e chamar a atenção de seu público-alvo. Se essa atenção continuará somente o tempo poderá dizer, mas a primeira impressão é de que a trama infantil vai dar muito o que falar.
2 Quebraram tudo:
Só sei que morri de chorar ao recordar da versão original. Os atores mirins não são bons ou foram mal preparados. Acho um equivoco entrar no ar com tantos capítulos de frente. Isso impede a otimização do trabalho a partir das percepções dos telespectadores.
Eu gostei da qualidade da imagem, inclusive dos cenários, mesmo não sendo reais. Estão superiores a outros apresentados recentemente pela emissora.
Fico feliz por Sílvio Santos que é um ídolo!
Entra com tanto capítulo gravado e se perde a premissa de novela, que é obra aberta.
Postar um comentário