terça-feira, 10 de abril de 2012

Carta Aberta a Cristianne Fridman



Reino Encantado dos Palhaços, 10 de Abril de 2012.

Cara autora

Venho através desta, manifestar meu total apoio a você e sua equipe. Primeiramente, quero te parabenizar por chegar ao fim mais um de seus enriquecedores trabalhos. Tenho certeza que tanto você quanto todos os envolvidos na produção de sua telenovela Vidas em Jogo sentem-se realizados e bastante felizes com o resultado geral oferecido. Sei o quanto deve ser difícil o peso de ser novelista, mas você só tem a comemorar, afinal, fechar um trabalho 24% abaixo da meta definida pela empresa é quase nada. Tempos de crise, com certeza na Europa encontraremos resultados bem piores.

Quero aproveitar a oportunidade para dizer que fiquei admirado com sua maturidade enquanto autora. Com um roteiro nas mãos, bem organizado e bem definido, você soube contar sua história por 11 meses com maestria e isso se deve ao fato de que a barriga de Vidas em Jogo foi seu charme, afinal, quem não gosta de uma gordinha? Mas quero fazer algumas importantes observações:

1 - Genial sua solução de colocar a mocinha como vilã. Super criativa esta ideia em tempos de Revenge e Avenida Brasil e uma saída bem pensada. Não se preocupe com críticas. Os buracos e as incontáveis falhas no roteiro que colocavam Rita como uma moça de valores são bobagens. O que vale é o fim, não como a história foi contada. O importante é chocar e você conseguiu.

2 - Tenho certeza que Tiago Santiago, outro grande novelista, se sentiu emocionado com sua homenagem. Utilizar o nome da novela dentro do texto, nos diálogos das personagens é um recurso riquíssimo e que autores arrogantes e cegos pela experiência não utilizam. Parabéns pela humildade em reconhecer um recurso genial criado por um colega e lançar mão dele. Me emocionou.

3 - Você tem motivo de se orgulhar de seu elenco. Que trabalho impecável. Acho que nem em O Poderoso Chefão vimos uma plasticidade tão incrível quanto em Vidas em Jogo. Guilherme Berenguer e Julianne Trevisol certamente serão lembrados pela composição mais completa da História da Teledramaturgia Nacional. Quem disser o contrário, mente.

4 - E o tratamento ao universo das drogas? Belíssimo desfecho não matar o drogado, mas o pai do menino que não era usuário, mas usou apenas no fim. Sua lição de vida de que, o filho pode levar o pai para as drogas e o matá-lo me deixou com lágrimas nos olhos. Poucas vezes me emocionei tanto na vida.

5 - Genial você mostrar que não houve assassinatos. Todos os crimes mostrados sendo explicados com o recurso da presença de um dublê. Não se preocupe quando apontarem todas as falhas no percurso, porque elas foram muitas, novamente digo: o importante é surpreender. Não precisa ter lógica, não precisa ser coerente. O público não se preocupa com linha narrativa, o público nem consegue pensar. E você surpreendeu.

6 - Se alguém lembrar que forjar a própria morte é crime em diversas áreas - falsificação de documentos é uma - não fique tensa, apenas diga: licença poética. No Brasil de Vidas em Jogo as leis são outras, mesmo que isso nunca tenha sido dito e a novela sempre tenha caminhado mostrando que tratava da realidade, o importante é que no último capítulo você provou que as Leis é você quem faz.

7 - Por fim, te agradecemos. Juntamos aos 07 palhaços que você, magistralmente criou, e nos tornamos dezenas, centenas, milhares. Milhões de palhaços que acompanharam por 11 meses a trama que chegou ao fim provando que a maior premissa da história era uma grande mentira. Parabéns

O circo da Teledramaturgia será eternamente grato.

Estamos te enviando um kit palhaço como forma de gratidão, esperamos que você receba.

Com gargalhadas, nos despedimos.

Att.

Palhaços e Bobos da Corte.

11 Quebraram tudo:

Anônimo disse...

"o público nem consegue pensar" Esse aí se acha.

Jurandir Dalcin disse...

Isso foi irônico? oO hauhauahu

Moderador disse...

Claro que foi irônico, meu parente. Brilhantemente irônico, melhor dizendo.

Big Brother Brasil Fake disse...

Ai gente, menos vai.

Benjamim Junior disse...

hahaha mt bom seu texto

manuca disse...

MOOOOONSTRO, KKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Melissa disse...

Me poupe...

Eu via Vidas em Jogo umas três semanas sim, três semanas não, para o "padrão Record de novelas" até que Vidas em Jogo foi ágil, com Ribeirão do Sono, dava pra assistir um mês sim e três meses não. Mas enfim, eu acompanhei desde o começo e isso é só revolta pela Fridmann ter enganado a todos, a única coisa em que eu concordo no texto, foi quanto a critica da morte do Carlos, que foi totalmente desnecessário, o Carlos morrer para que o Wellington nunca mais usasse crack foi um recurso dramático e tosco demais até pra padrões de novela.

Quanto as mocinhas que se revelam vilãs, achei o argumento fail. Não teve nenhuma lacuna a ser preenchida quanto a história da Rita, ela fez o que fez por amor ao Francisco e aos seus amigos, ela sempre teve uma vida difícil e agora ela queria só ser feliz, mesmo que tivesse que mentir...Quanto ao nome ser usado no roteiro, se até Melhor é Impossível (ganhador de Oscar e Globo de Ouro) usou desse artificio, o que impede ela de utilizar?

Pode até não ter os melhores atores disponíveis, mas pelo menos cumpriu a missão de uma história que fugiu da mesmice, mas claro que não vale a pena discutir com um blog que enalteceu o último capítulo de Fina Estampa que, convenhamos, fugiu mais da coerência em muitos capítulos do que Vidas em Jogo em seu capítulo final.

Paulo Jr. disse...

Texto incrível, com muita ironia e inteligência.

Talyzie Yanne Passos disse...

Ótimo texto e nem senti que nele permeava camadas da mais fina "ironia". O bom foi ver Lucinha Lins ser alçada à condição de "Fernanda Montenegro da Record, só esqueceram de comparar André di Mauro à Paulo Autran, sim, porque quem irá ser leviano, em comparar o ator da Record a Tony Ramos.Thaís Fersoza foi considerada a "melhor atriz de sua geração". Claro, que trata-se do jeito "recordista" de enfeitar a dura realidade de suas novelas e elenco.

David disse...

Gostei do texto. Pensei em muitas destas coisas. Pena que os fãs xiitas me xingaram enquanto eu pensava sobre isto no Twitter.

Os personagens do bolão sabia de tudo sobre o falso assassino, mas tinham medo do palhaço quando estava sozinhos né?

Então, o Povo de Vidas Em Jogo tendo medo sozinho em cena da seu própria brincadeira lembra a Clara chorando sozinha, dizendo que estava arrependida, em Passione.

Foi criativo e tudo, mas… A autora fez o povo de palhaço nas entrevistas.

No fim todas as revistas e sites erraram feio e Vidas Em Jogo terminou sem spoilers revelados.

A melhor coisa do fim de Vidas Em Jogo foi a direção da Record ter colocado o “fim” na personagem da Betty Lago. Ela merecia esta homenagem!

Severino Silva o Servo na IPI disse...

Eu aguardava este post ao final da NOVELA (relamente, foi o sentido exato da "obra" da Cristianne Fridman)

Tenho que ser um fiel confesso, me surpreendeu.

Parabens pelo brilhante texto.

Tomara que chegue nas maos da supra citada " autoura"

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