quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Vida da Gente: uma crônica macabra

Há uma máxima em alguns canais da psicologia que trata do tema da felicidade. "Ninguém é absolutamente feliz ou triste". Esta frase, numa análise mais aprofundada não se adequa a realidade descrita pela novela das 18 horas da Rede Globo. Em A Vida da Gente a máxima pregada é exatamente o oposto, quase um caso de maniqueísmo em que não há felicidade, em que a alegria é um sonho cada vez mais remoto e distante.

Lícia Manzo, autora responsável pelo texto do folhetim, é conhecidamente uma atenta pesquisadora e trabalha com maior densidade em seu discurso, apoiando-se em diversos pontos da psicologia. Esta é a marca da novelista que apresentou o mesmo sinal em seu primeiro trabalho na TV, a série Tudo Novo de Novo. Porém, na novela das 6 o elemento tristeza e angústia tornou-se praticamente marca registrada, a falta de felicidade é o selo da trama.

Todos estão acostumados a assistir numa novela os mais diversos conflitos internos apresentados nos núcleos durante toda a produção. Mas é ponto pacífico entre os trabalhos de que nunca todos os núcleos sofrem conflitos ao mesmo tempo, é como se um grupo de personagem ficasse feliz como contraponto ao outro grupo que está triste por enfrentar dificuldades.

No momento atual de A Vida da Gente, o telespectador está estarrecido com a quantidade de cenas angustiantes e que levam praticamente 100% das personagens a uma situação de mais completa tristeza. O que chama a atenção da audiência para este momento da novela é que não há luz no fim do túnel, ninguém enxerga qualquer perspectiva de que as personagens encontrem o caminho da felicidade.

Não há desafogo para o telespectador. Quem se dispõe a assistir diariamente ao folhetim, acostumou-se a ter forte carga emocional por praticamente 60 minutos. São cenas e mais cenas com situações e textos tão pesados e sombrios que é impossível ficar isento e ter um olhar distante de tudo que acontece. O público sofre com as personagens e, como todos sofrem o tempo todo, a impressão que se tem ao término de cada capítulo é o de estar saindo de um velório.

A excelente direção, aliada ao ótimo texto e a um elenco que soube compreender a profundidade desta história tornou A Vida da Gente uma excelente pedida para os fãs de telenovelas, mas muito mais do que isso, a novela é uma espécie de crônica macabra sobre a impossibilidade do ser humano de encontrar a felicidade. Um verdadeiro Conto de Fadas invertido.

1 Quebraram tudo:

MOVA disse...

Eu já gosto desta coisa meio macabra que as telenovelas vez ou outra exibem. A Vida da Gente, novela das 6 com cara de das 9. Dialoga com todas as classes. È bacana, forte, envolvente e realista. Mas concordo que há tristeza demais e humor de menos. Um pouco de risos não faz mal a ninguém. Sendo inteligente poderia acrescentar ainda mais a trama. Outra coisa que sinto falta é de um bom vilão, ou vilã. Eva e a ex - treinadora da Ana migram por este lado, mas não chegam ser aquela vilã de folhetim. Falta isso que é elementar na estrutura de qualuqer telenovela.
Abraços e visite o meu blog
http://movimentodaarte.blogspot.com/

Postar um comentário

Twitter Facebook Adicionar aos Favoritos Mais

 
Tecnologia do Blogger | por João Pedro Ferreira