Foi ao ar nesta terça-feira, 24, o quinto capítulo da minissérie global O Brado Retumbante. Controverso e cheio de polêmicas o capítulo foi marcado pelas discussões e por apresentar dois plots corajosos para um telespectador como o brasileiro, ainda carente de informações necessárias sobre os mais diversos temas para conseguir se contextualizar diante de algumas situações.
A questão da guerra entre dois países foi o primeiro tema a movimentar o episódio. Tudo começou quando dois soltados brasileiros foram mortos por traficantes na fronteira entre Brasil e Bolívia do Sul - um país inventado para não criar saia justa, evidentemente. A partir daí, o Presidente Paulo Ventura (Domingos Montagner) tratou diretamente com o presidente daquele país exigindo um posicionamento que punisse o tráfico responsável pela invasão do território nacional.
A iminência de uma possível guerra entre o Brasil e um país vizinho movimentou toda a história e mostrou os bastidores de um governo em polvorosa. Todo o clima que antecedeu o prazo de 48 horas dado pelo Governo brasileiro para que houvesse prisões e o desmantelamento do tráfico na fronteira foi mostrado praticamente a conta gotas, numa espécie de tentativa de afligir o telespectador.
O segundo ponto de movimentação do episódio foi a chegada de Júlio (Murilo Armacollo), filho transexual do presidente. As cenas fortes de flashback, que mostraram Paulo Ventura despejando seu preconceito diante da descoberta da homossexualidade do filho foram intensas, carregadas e, mesmo para o horário, bastante fortes e contundentes. Mostrar o preconceito neste tema partindo da própria família foi um dos grandes acertos do autor e mereceu aplausos. Assim como a cena de reencontro entre pai e filho, quando Ventura descobre que o filho havia se transformado em mulher.
Tudo transcorria para colocar este episódio de O Brado Retumbante na história da teledramaturgia nacional - tanto em qualidade como em ousadia - mas a resolução das duas histórias foi decepcionante. O filho foi agredido por um pitboy e, com isso, o presidente reviu seus conceitos e utilizou o horário gratuito para tratar de um problema de ordem pessoal e familiar e pedir perdão ao filho. A iminente guerra não aconteceu, nos minutos finais do prazo estabelecido pelo governo brasileiro, o governo boliviano anunciou que prendeu todos os envolvidos nos assassinatos na fronteira.
Ou seja, um capítulo tenso que foi utilizado apenas como fundo falso, ou seja, para ocupar espaço sem fazer com que a história avançasse um milímetro. O filho do presidente chegou, brigou, fez as pazes e foi embora. O Brasil ameaçou, deu prazo e fez as pazes com o país vizinho. Nada mudou, nenhum avanço na história maior. Além disso, a mudança de postura do roteiro que, até então era contínuo e, neste episódio, optou pelo procedural, atrapalhou a linha narrativa.
O texto foi realmente magnífico, a direção continuou impecável e o elenco idem - destaque para Maria Fernanda Cândido, cada dia mais dona da minissérie - mas tudo isso serviu apenas como distração para um episódio cujo roteiro foi apenas uma distração para a falta de foco no plano central da minissérie. Uma pena.
3 Quebraram tudo:
"O Brasil ameaçou, deu prazo e fez as pazes com o país vizinho. Nada mudou, nenhum avanço..." justamente o que acontece atualmente em nosso país!
Houve detalhes sutis para a continuação da trama sim, como quando um homem se levanta da cama de Antônia (Maria Fernanda Cândido) e a revelação do verdadeiro caráter de Tony (Leopoldo Pacheco), marido da filha do presidente. A meu ver, a série prosseguiu com a mesma qualidade e com a mesa linha que vinha trazendo. A cada episódio, um tema central (como a própria posse do presidente, os livros didáticos, a invasão sul-boliviana), os problemas pessoais do presidente (traição, a filha bipolar, o filho transexual) e as sutilezas, os detalhes sutis dos quais elucidei no início do comentário estavam presentes.
Agora, destacando esse episódio, foi, para mim, o melhor de todos. Tratou de assuntos antes repudiados pelos autores de séries, minisséries e telenovelas, e que foi mostrado de forma ímpar e incomparável. Para 35 minutos de duração, o episódio trouxe-me uma trama completa e de altíssima qualidade.
Prá mim a minissérie é excelente e, depois de BBBs ter algo prá se assistir com conteúdo - fictício ou não é pra se aplaudir.Quanto a " utilizou o horário gratuito para tratar de um problema de ordem pessoal e familiar e pedir perdão ao filho". Não somos nós o ¨povo¨que estamos sempre cobrando transparência? A minissérie esta de parabéns e o elenco fantástico.
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