segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O mau humor dos programas brasileiros

Num momento em que o país passa por um ótimo momento com pelo menos duas séries de humor no tom correto - A Mulher Invisível e A Grande Família - o mesmo não se pode dizer dos chamados programas humorísticos. Num país que conheceu o melhor deste tipo de formato com os inesquecíveis Escolinha do Professor Raimundo, TV Pirata e os áureos tempos do Casseta e Planeta, a crise parece ser grave e sem precedentes.

A começar pela própria Globo em que parece não haver mais solução. Programas como As Aventuras do Didi e Os Caras de Pau, exibidos aos domingos, não parecem terem fôlego nem roteiro crítico o bastante para conseguirem prender a atenção do público pela qualidade e profundidade dos temas. O Zorra Total, alvo de críticas duras, é, a bem da verdade, o único humorístico da emissora que ainda funciona e consegue chamar a atenção do telespectador, ainda que apresente um humor tão raso quanto os anteriores, ao menos consegue ser engraçado em alguns quadros.

O SBT, que nunca inova e nem se renova, mantém o mesmo tipo de humor desde sua fundação, aliás, o único humorístico da emissora é também um dos mais antigos da TV brasileira. A eterna A Praça é Nossa - que teve seu auge na década de 90 - vem apostando em novos humoristas, tentando lançar novos talentos, o que é válido, mas com isso, erra mais do que acerta e a maioria de seus quadros não consegue produzir algo de útil, apenas o mesmo humor vazio que seus concorrentes.

Quem já foi considerado o melhor do país, é hoje, talvez, o pior. Pânico na TV erra todos os domingos e em todos os quadros. A exploração do ser humano, o abuso pelo ridículo e a falta de respeito para com o próximo marcam o tom do programa da Rede TV! que parece ter perdido completamente a identidade e, ao que parece, prefere muito mais zombar de defeitos físicos, do que construir um caminho mais interessante.

Caminho semelhante segue o ex-cult CQC. Apesar de ainda viver bons momentos e bons quadros, o programa parece ter se enxergado como superior e isso levou a seu declínio. Com humoristas que, atualmente, se enxergam como mais importantes que os quadros e os entrevistados, o programa perdeu o foco e vem perdendo também a graça na maior parte do tempo.

E o #humordobem não poderia ficar de fora. Desde que estreou o malfadado Legendários, da Rede Record, ainda não disse a que veio e continua produzindo não o tal #humordobem, mas o #humornenhum. Sem identidade, sem aprofundamento e sem conseguir um roteiro de qualidade, o programa se perde completamente.

O grande momento do humor na TV brasileira parece estar nas mãos da MTV que ainda mantém contrato com os humoristas que vem se destacando e conseguindo produzir algo interessante, mas sem nenhuma visibilidade nacional. Enquanto isso, o público brasileiro vê o mau humor tomar conta da TV aberta. Uma pena

2 Quebraram tudo:

Rodrigo Rocha disse...

Bem.
Na minha opinião, humor é algo muito particular. Eu, por exemplo, já ri do pânico, particularmente do Christian Pior (que misteriosamente perdeu todo seu espaço no programa?!?) e nunca ri de nada do CQC.
O cerne do problema é a origem desses programas. Os Caras de Pau e Didi é humor infantil (embora abuse de algumas piadas de mal gosto) então natural que forcem nas piadas fáceis e de situação.
Zorra total é humor "popular" no pior sentido: não para fazer pensar, mas sim para fazer rir por meio de piadas fáceis e baixarias.
O Pânico, talvez, seja o único que nunca se levou a sério. Nunca quiseram mudar o mundo. Eles transportaram pra TV o que passa no rádio (e só quem ouve o programa sabe do que falo). Diferente do CQC e Legendários, que tentam a todo custo ser "humor de granfino", erudito, mas não passam de cópias baratas do que já passou.
Realmente a MTV, com Adnet, Calabresa e Ribeiro sai ganhando. Porém a Multishow vem muito bem também, com programa hilários e de bom gosto, como o 220 volts, Adorável Psicose, De cara limpa, Muito giro, Os Gozadores, Sensacionalista...

Anônimo disse...

Fazer humor é extremamente difícil. O CQC se mantém estável, gosto do programa, mas o tom de deboche que eles se utilizam é o humor que o programa se propõe. O Didi e Os caras de pau, esses me recuso. O último até que é assistível, mas o Renato Aragão não me convence.
Lucas - www.cascudeando.zip.net

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