terça-feira, 19 de julho de 2011

A análise moderna de O Astro é equivocada

Após uma semana de exibição já começaram a surgir em vários veículos de Comunicação análises referentes a O Astro - novela das 23 horas que estreou em comemoração aos 60 anos de Teledramaturgia - e, mesmo com o sucesso absoluto de audiência e também de críticas, começou-se a observar textos completamente equivocados sobre o assunto.

Uma das principais críticas - que são poucas, diga-se - é de que a produção não trata com verossimilhança sobre os temas propostas. Além de apresentar texto maniqueísta, além de atuações exageradas e caricatas. Ora, analisar O Astro sem olhar para trás e enxergar tudo que esta obra representou na história da teledramaturgia brasileira é o principal equívoco.

O texto, de fato vem sendo maniqueísta, mas o maniqueísmo existe desde sempre e nunca serviu como base para que algo seja considerado ruim ou de pouca qualidade, ao contrário, quando bem tratado, apresenta elementos profundos de drama e que sabem manter o fio condutor de uma história aberto e vivo. Em pleno século 21 manter um roteiro sobre um "astrólogo", sobre uma família rica discutindo valores não é tarefa fácil e o maniqueísmo é o caminho que garante segurança para que o público não veja com distância essas histórias e acabe por não se interessar. A manutenção do caminho mais seguro, ao contrário, aproximou o telespectador da trama e, em apenas uma semana, envolveu o país todo nesta história.

O elenco segue muito bem. De fato, há algumas caricaturas, mas novamente analisar as caricaturas por si só mostra falta de conhecimento. Um exemplo claro disso se dá com Clô Hayala (Regina Duarte), a atriz compôs uma personagem exagerada, cheia de hipérboles faciais, mas que rapidamente caiu nas graças do público. E ela fez com maestria, pois a história dela somente seria comprada por quem assiste se ganhasse contornos de drama mexicano, já que é uma história batida e já considerada água com açúcar. Verdade seja dita, Regina Duarte está salvando a personagem.

Tudo em O Astro é assim. É preciso reconhecer que a obra de Janete Clair fez um estrondoso sucesso, mas num outro período da história brasileira. A sociedade não é mais a mesma e para recontar esta história, as caricaturas da primeira versão se faziam necessárias, tanto na atuação, quanto no roteiro. Criar um remake não é escrever a mesma história e tentar apenas mudar o período, antes disso, é saber criar metáforas da própria história e Alcides Nogueira e sua equipe vem sendo muito competentes nisso. Azar de quem não entende a amplitude desta obra.

1 Quebraram tudo:

Anônimo disse...

Acredito que "O astro" é uma possibilidade de retomar a linguagem de outros tempos e propor uma novidade em teledramaturgia. Achei uma narrativa diferente da qual eu estava acostumado, mas as raizes de teledramaturgia estão lá. Trata-se de uma releitura e isso pode comprometer seu entendimento por aqueles que esperam um remake da obra original.
Lucas - www.portalcascudeando.blog.com

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