Uma é chique e vira brega, a outra é brega e vira chique. Esse era o mote central de Brega & Chique, que o mestre Cassiano Gabus Mendes escreveu em 1987, para o horário das 19h da Rede Globo. Centrada nas desventuras de duas mulheres que sofrem reviravoltas em suas vidas por causa de um mesmo homem, a novela foi um dos grandes sucessos das sete da noite.
Herbert Alvaray (Jorge Dória) dá um grande golpe na praça e precisa desaparecer. Casado com a chique Rafaela (Marília Pêra) e pai de Ana Cláudia (Patrícia Pillar), Teddy (Tarcísio Filho) e Tamyres (Cristina Mullins), o malandro simula a própria morte e deixa a família na mais completa miséria, sem ter como sobreviver. Rafaela e os filhos são obrigados a abandonar a luxuosa mansão no Morumbi e passam a viver no bairro do Itaim Bibi. Lá conhecem a brega Rosemere (Glória Menezes), que foi abandonada pelo marido, Mário, pai de sua filha Marcinha (Fabianne Rocha). Acontece que Mário e Herbert são a mesma pessoa. Ao desaparecer, Mário/Herbert deixou para Rosemere uma fortuna em dólares e a suburbana passa a morar em uma mansão. No exterior, Herbert faz uma operação plástica e volta na pele de Cláudio Serra (Raul Cortez), envolvendo-se de novo com as duas mulheres.
Uma das características mais marcantes de Cassiano Gabus Mendes, era a de escrever histórias simples, com poucos personagens, mas totalmente irresistíveis. Em Brega & Chique talvez o grande mérito não tenha sido a trama, mas sim as personagens e o elenco. Alguns núcleos eram bem chatos, mas Rafaela, Montenegro (Marco Nanini) e os broncos Baltazar (Dênis Carvalho) e Bruno (Cássio Gabus Mendes) garantiram cenas hilárias e inesquecíveis. Na briga entre as protagonistas, Glória Menezes acabou perdendo. Marília Pêra, que passara 14 anos sem fazer novelas, voltava com força total e dava um show em cena. Sequências como a em que ela vai fazer feira vestida de casaco de pele, ou quando quase mata Montenegro enforcado porque o aspirador de pó suga a gravata do rapaz e ela não percebe, são memoráveis.
Cassiano Gabus Mendes, que começou na rádio, foi de fundamental importância na criação e desenvolvimento da televisão no Brasil. Sua entrada para a Rede Globo em 1976, com a novela Anjo Mau, foi decisiva para dar as características que as atrações do horário teriam dali pra frente e que continuam até hoje. Brega & Chique tem todas essas características e é uma das novelas de maior sucesso popular do autor, sendo lembrada por muitos até hoje. Seria uma bela opção de reprise para o Canal Viva.
Por Walter de Azevedo
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