segunda-feira, 8 de julho de 2013

Brasil ainda engatinha quando o assunto é séries

É fato que o Brasil é um dos países - senão o maior - que melhor produz telenovelas em todo o mundo. Nossos folhetins são comprados por centenas de países e milhões de pessoas admiram o trabalho de composição deste formato com linguagem própria, indo ao ar diariamente e com toda uma estilística definida. Em compensação, enquanto o mundo avança em produções de qualidade quando o assunto é séries, o Brasil parece não conseguir deixar de engatinhar.

Os motivos são os mais variados, vai da falta de investimento até a pouca experiência. Para alguns especialistas, este cenário deve mudar nos próximos anos graças a Lei de Cota de Produção Nacional da TV fechada. A Lei obriga todos os canais de TV a cabo a levar ao ar um número de horas específicas de produção nacional e isso tem feito o mercado se movimentar, já levando ao ar alguns produtos, mesmo em 2013 quando a Lei está em momento de adequação.

É evidente que, quanto mais se produz, maiores são as chances de conseguirmos assistir séries de qualidade. Como o país ainda engatinha neste formato, é bastante lógico entender que não há como se exigir produtos muito rebuscados, mas é preciso ter senso crítico para tentar enxergar o que pode ou não ir ao ar, no momento em que se avalia determinado roteiro. A justificativa de que, como é o início, toda tentativa é válida soa muito pobre, pois é possível apostar em roteiros com um mínimo de qualidade.

Arriscar-se no drama talvez seja o mote ideal para o momento. O Brasil passou décadas investindo exclusivamente no humor - tanto na TV aberta quanto no Cinema - e conseguiu avançar. Haja visto que os últimos anos apresentaram produções interessantes neste formato, como as excelentes Louco por Elas e Pé na Cova. Essas duas são representações de que o país consegue ir além do humor fácil e simplório que fomos acostumados por muitos anos.

Mas a TV a Cabo ainda derrapa. Tanto no drama quanto na comédia, percebe-se uma clara boa vontade e intenção de acertar, mas os erros tornam-se cada vez mais evidentes conforme a grade de programação começa a ceder espaço para séries nacionais. Diante de um ou outro acerto, o que se vê é uma sucessão de erros que não demonstram apenas falta de experiência, mas o equívoco de imaginar que um produto pode sobreviver apenas com o nome de alguém envolvido.

No drama, as emissoras fechadas vem fazendo algumas tentativas válidas de se produzir algo realente interessante. É o caso de Três Terezas e Sessão de Terapia, ambas da GNT - emissora que mais tem investido até este momento - que conseguem sair do óbvio e, embora ainda cometam deslizes, demonstram estar no caminho certo. Em compensação, também há equívocos, como o caso da fraquíssima Copa Hotel que não disse a que veio ou de Contos de Edgar, uma tentativa insana com roteiro pífio.

A estreia desta segunda-feira, 08, Vai que Cola, do canal Multishow, segue este caminho, mas na comédia. Um produto que certamente exigiu algum investimento financeiro importante por parte da emissora, mas que parece não ter passado por qualquer avaliação prévia de seu roteiro antes de ir para o ar. A impressão que se teve é que todos confiaram no talento de Paulo Gustavo e não fizeram uma avaliação mais apurada do que estavam produzindo e o resultado foi catastrófico.

É impensável que, enquanto a TV aberta já consegue levar ao ar produções de humor do nível de Pé na Cova, a TV Fechada apresente uma série que regrida tanto em qualidade. Com piadas de sentido sexual, e sempre buscando a saída fácil, o roteiro foi extremamente pobre e não explorou os caminhos que a comédia deve explorar. Não houve qualquer sutileza, seja nos diálogos superficiais e caricatos, ou na interpretação de um elenco que, sobretudo, não percebeu que teatro é teatro e TV é TV. Com muita gritaria, o resultado não tinha como agradar. Embora com momentos - raros - de lucidez, a série não parece ser a luz que a teledramaturgia busca na comédia. Está longe disso.

Estamos diante de um momento fundamental para nossa teledramaturgia, pois muitas séries começarão a ser produzidas nos próximos anos. É preciso um olhar mais atento para que consigamos levar ao ar algo de real qualidade e manter a excelência que nos acostumamos com as novelas. Pelos primeiros resultados, não parece uma tarefa fácil

1 Quebraram tudo:

Leddy Silva disse...

Concordo em genero,numero e grau. O Brasil ainda nem saiu do berço se formos comparar com as americanas. Claro que existe as exceções como A Cura,Força - Tarefa,Louco Por Elas e Pé na Cova. Eu acho um erro as emissoras Brasileiras investirem quase que exclusivamente so em series de humor,ate parece que o Brasileiro so gosta desse genero,cade o Drama? A ficçao? A açao? As emissoras ainda tem um longo caminho pela frente.....tomara que encontrem para nossa alegria!

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