quinta-feira, 13 de junho de 2013

As grandes obras resistem ao tempo

Muito se fala em "melhores" para quase tudo. No campo da teledramaturgia não é diferente. Diversas vezes por ano saem listas de melhores em algo. Mesmo este blog lança os melhores do ano, através do Troféu TVxTV. O ser humano tem um fascínio todo especial em criar lista de tudo, inclusive, tentando organizar o que é melhor e o que é pior. A maioria destas listas acaba sendo, de uma forma ou outra, injusta porque é impossível contemplar todas as obras que mereciam figurar e é aí que nasce a controvérsia e a discussão, deixando tudo ainda mais charmoso.

O ponto e partida básico para se determinar uma obra como sendo "uma das melhores" é a sua capacidade de resistir ao tempo. No calor do momento é fácil definir determinado produto como o melhor ou um dos melhores já exibidos, mas essa máxima só será, de fato, verificada após uns 10 anos depois de sua exibição para se notar se houve capacidade de romper a barreira do tempo e se manter como uma obra clássica. Não é tarefa das mais simples.

No Brasil, a principal referência disso é a vilã Odete Roitman (Beatriz Segal). Lá se vão quase 25 anos desde que a personagem surgiu na novela Vale Tudo e ainda hoje ela é considerada a maior vilã de todos os tempos. É bem verdade que vez ou outra surge alguma personagem tentando descoroa-la, mas quase sempre é discussão momentânea e, passado um tempo, ela volta a comandar as listas.

Esta semana vimos um outro exemplo clássico de um produto que resistiu ao tempo, mas percebeu-se isso de uma forma um pouco diferente. O Viva, em comemoração a seus 4 anos no ar, decidiu produzir 04 episódios inéditos do extinto humorístico da Rede Globo, Sai de Baixo. A série até hoje é lembrada com carinho pelos telespectadores e foi responsável por um estilo de humor completamente diferente do que é visto hoje na TV brasileira.

Em qualquer lista ou lembrança de séries brasileiras Sai de Baixo sempre aparece no topo ou nas primeiras colocações - o que, por si só já comprovava que era um produto clássico, pois resistiu ao tempo, 11 anos desde seu final - mas ter a oportunidade de vislumbrar episódios inéditos de um produto com humor tão controverso foi uma oportunidade rara - uma comparação simplista poderia lembrar a volta de Arrested Development nos EUA, também em 2013.

No primeiro episódio, levado ao ar nesta semana, desde o primeiro minuto se percebeu que Sai de Baixo não era uma obra datada e que faria sucesso em qualquer tempo. A acidez do humor e o tom crítico das piadas, além das citações pops dão todo um charme a um formato bem diferenciado e que pode ser considerado ousado ainda hoje.

Se há 15 anos a série fazia piada com a desvalorização do real e o aumento do desemprego, em sua volta conseguiu provocar o mesmo efeito ao criticar o preço do tomate e a situação caótica dos aeroportos, sempre em meio a bordões inesquecíveis. As várias camadas de piada sempre foram o diferencial do produto que brincou com as diversas formas de fazer humor e se mostrou sempre acertada.

Se antes já era possível afirmar que Sai de Baixo era um dos principais humorísticos já produzidos no país, agora, com essa volta, percebe-se que a afirmação é verdadeira. A série resistiu ao tempo, manteve os fãs e, agora, dá a chance da nova geração de telespectadores conhecer um estilo de humor bastante sedutor. Pena que são apenas 04 episódios.

1 Quebraram tudo:

Sérgio Santos disse...

Só uma correção: são 3 anos de Viva.

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