quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

José do Egito não consegue acertar

Estreou na noite da última quarta-feira a nova minissérie bíblica da Rede Record. Diferentemente de suas antecessoras, José do Egito - por estratégia da cúpula da emissora - irá ao ar apenas uma vez por semana, à quartas-feiras, na tentativa de atrair um público maior por conta da exibição de futebol na emissora concorrente. A estratégia é válida, pois esse é o dia de maior fragilidade da Rede Globo, principalmente nos primeiros meses do ano em razão dos jogos de campeonatos regionais. 

Mas, deixando de lado os estratagemas em torno de audiência, ao olhar para o primeiro capítulo deste novo produto, não há com o que se ficar animado. Ao que parece, a minissérie entra no ar para firmar o que já parecia óbvio há bastante tempo: a Rede Record investe pesado em sua área técnica para as minisséries, porém, deixa de lado quesitos muito mais importantes para fazer uma boa obra ao apostar neste filão.

A fotografia, como já era de se esperar, foi de uma qualidade ímpar. As minisséries de anos anteriores já apostavam na qualidade de imagem para atrair o telespectador. Neste ano, a aposta foi ainda mais alta, com imagens que beiravam a perfeição. O plano aberto contribuiu bastante para que as imagens fossem apreciadas, além do que, as cores fortes presentes também foram marcantes.

Mesmo com o avanço técnicos, houve equívocos nesse setor. O posicionamento e a forma como a direção optou por movimentar as câmeras não contribuíram. Em dado momento, a impressão que se tinha era de que a imagem estava trêmula e, em movimento, haviam pequenos - quase imperceptíveis - travamentos que, óbvio, não era parte artística da cena. Para quem aposta tão alto na imagem estes são erros que prejudicam e distraem.

Na parte puramente artística não houve acertos. O roteiro seguiu o mesmo padrão de toda a teledramaturgia da Record e caminhou pelo superficial e pelo didatismo desnecessário. Frases como "meus irmãos estão chegando, olhe meu pai" ditaram o ritmo da estreia. Este não é um erro exclusivo da minissérie. Praticamente todas as obras de dramaturgia da emissora parecem insistir em tratar o telespectador com uma infantilidade desnecessária e sem razão de ser. Além disso, o roteiro cometeu erros absurdos ao tratar de temas quase biológicos ao utilizar a questão da circuncisão sem a sensibilidade necessária. 

O elenco também não esteve bem. Em sequências que mais pareciam jogral - o que também não é nenhuma novidade na Record - ninguém conseguiu se destacar de forma positiva. Muito disso em razão da limitação artística dos próprios profissionais, mas também por conta da direção que marcou as cenas de forma exagerada e prejudicou a naturalidade das cenas. Em praticamente todas as sequências o elenco esteve ou muito abaixo ou muito acima dos tons exigidos pelo texto. Em alguns momentos, os olhares, as expressões davam a impressão de estarmos diante de uma apresentação de teatro colegial.

A trilha sonora foi outro erro. A intenção foi casar a trilha com os acontecimentos, mas ao somar tudo, ela mais atrapalhou. O texto já era um equívoco, o elenco dramatizou de forma exagerada cada situação e a trilha sonora sublinhava demais os acontecimentos. A tentativa de transformar José num coitado e a sequência do estupro acabaram por transmitir a sensação de um filme de suspense trash, graças a trilha sonora.

Mesmo com avanços tecnológicos, a estreia de José do Egito serviu exclusivamente para mostrar que a Rede Record está muito longe do mínimo necessário para produzir um produto de teledramaturgia com qualidade. Sem roteiro, sem elenco e sem direção corretos é impossível imaginar que bons produtos saiam dali tão cedo.

2 Quebraram tudo:

Jk Perfect disse...

A série é perfeita, discordo desses comentarios que parece mais um "babão global" que supervaloriza aquelas atrações ridiculas e alienadoras da RedeBobo de televisão.
A Record esta de parabéns com tamanha qualidade de sua produção em "José do Egito".

Sem fundamentos algum são suas críticas

Moura disse...

Concordo com cada ponto apresentado.
A Record ainda não sabe (e imagino que demorará muito para que aprenda) apresentar textos e atuações minimamente naturais. Tudo pesa no didático, no artificial e no pueril.
Até o SBT com seu Carrossel apresenta situações mais competente, e isso que é uma novela para crianças.

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