domingo, 11 de novembro de 2012

Teleton funciona como entretenimento e traz reflexões

Após mais de 27 horas no ar chegou ao fim pouco antes da uma da manhã deste domingo a 16ª edição - e a comemoração de 15 anos - de uma das maiores maratonas televisivas do Brasil. Organizado pelo SBT, através de seu dono Sílvio Santos, o Teleton vem há 15 anos realizando edições com artistas de todas as emissoras no objetivo de arrecadar doações para contribuir para a AACD.

A despeito da minha opinião sobre a intencionalidade do evento - você pode ler aqui texto escrito neste espaço em 2010 - é fato que o Teleton movimenta o país todos os anos e consegue reunir uma gama gigante de personalidades da TV, sejam artistas, atores, apresentadores ou músicos. É, talvez, o programa com maior capacidade para reunir profissionais de diferentes áreas e emissoras da televisão brasileira.

Nos últimos anos, além dos equívocos que o outro texto apontou, o programa também se equivocava enquanto show. Cansativo e monótono o público perdia o interesse ao longo das horas porque não havia nada demais, eram apenas artistas entrando e saindo do palco relembrando os telefones e pedindo doação, não havia nada de entretenimento e que chamasse a atenção do telespectador.

Em 2012 foi diferente. Embora a direção do programa ainda não tenha compreendido a necessidade de olhar para trás, para os primórdios quando o Teleton promovia jogos, eventos gravados e que chamavam muito mais a atenção do público. É preciso reconhecer que houve um avanço gigante em relação aos anos anteriores. Com maior liberdade, os apresentadores puderam demonstrar carisma, personalidade e promoverem brincadeiras, transformando o evento num show de entretenimento.

Entretenimento de qualidade num sábado é raro na TV aberta brasileira e por isso é preciso elogiar o evento. Mesmo sendo esporádico, é possível observar que o público mostrou interesse no que foi ao ar. É impensável dizer que a audiência conquistada ao longo do sábado foi por conta do desejo do brasileiro em contribuir, ninguém ficar o tempo todo assistindo algo para fazer doação, se assiste é porque está gostando do que vê.

Diante da constatação que o show de entretenimento promovido pelo evento foi de qualidade - embora o pano de fundo transforme isso num show de horrores - é possível concluir algumas coisas. O ponto alto do evento tem nome: Eliana. A apresentadora que ficou por quase 6 horas comandando as atrações deu um show de empatia e carisma e foi, disparada, o que teve de melhor nesse dia. Parece claro que Eliana se transforma quando está ao vivo e precisa urgentemente que seu programa deixe de ser gravado, pois isso daria muito mais liberdade a esta ótima apresentadora.

Outra conclusão é a de que o SBT precisa mudar sua grade de sábado. Acostumada a perder religiosamente para a Rede Record na audiência deste dia, é evidente que o sábado é o calcanhar de aquiles da emissora. Mas o Teleton mostrou o que o público quer ver neste dia. E a emissora tem a faca e o queijo na mão. A faca é a constatação de que é possível promover um programa de entretenimento jovial e o queijo é quem deve comandar: Patrícia Abravanel.

A filha de Sílvio Santos deu show nos momentos em que foi ao palco e demonstrou tamanha naturalidade diante das câmeras que se torna impensável desperdiçar um talento assim. A apresentadora tem domínio de palco, sabe animar a platéia e conhece os atalhos para fazer uma boa entrevista. A naturalidade com que ela fala tudo que pensa é um charme a parte.

Se o Teleton não tem as melhores intenções, enquanto show de entretenimento ele funcionou como há muito não ocorria e, muito mais do que isso, serviu para que a cúpula do SBT possa fazer algumas observações importantes e melhorar ainda mais a grade na disputa pela audiência.

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