terça-feira, 2 de outubro de 2012

Guerra dos Sexos deixa boa expectativa

Aconteceu na noite da última segunda-feira, 01, a estreia da nova novela das 19 Horas. Com o objetivo de tentar manter o sucesso de audiência e repercussão de sua antecessora Cheias de Charme, Guerra dos Sexos traz a assinatura de um dos grandes mestres da teledramaturgia e que já foi considerado o rei do horário, Sílvio de Abreu. A releitura do grande sucesso dos anos 80 estreou recheada de expectativas, tanto pela curiosidade como o tema seria tratado em pleno século XXI, com a mulher em outra posição, com relação a exibição do folhetim há quase 30 anos, e também com a receptividade do público, órfão da novela anterior.

A tirar pela estreia, as expectativas são as melhores possíveis. Apesar de um ou outro equívoco, a estreia foi acertada e cumpriu o papel que um primeiro capítulo propõe: apresentar de forma sólida o núcleo principal e os principais eixos que norteiam a história. E Sílvio de Abreu quis deixar claro desde a primeira cena qual seria o caminho de sua obra: o humor escrachado, pastelão, estilo que fez muito sucesso na década de 80 e que, nos últimos anos vinha sendo utilizado apenas pelo autor Walcyr Carrasco.

As críticas ao estilo de Walcyr são grandes - mesmo por este espaço - mas é preciso se levar em conta que o humor pastelão não é necessariamente ruim, desde que solidificado por um texto coerente e que construa uma história envolvente. Sílvio de Abreu, mestre nisso, já mostrou-se afiado nesta estreia com um delicioso texto, cheio de referências e citações, além de conseguir narrar um paralelo entre as duas versões da novela que impressionou.

Apesar disso, fica registrado como baixa a tentativa de expor as diferenças e rivalidade entre homens e mulheres. É evidente que este é o tema da obra e não poderia ser ignorado, mas com todos os núcleos falando disso praticamente o tempo todo, a discussão acabou sendo diminuída, pois tudo soou falso e muito exagerado. Ainda assim, acertando o tom desta proposta, é possível que esta discussão seja revista no país todo, de acordo com o sucesso da novela.

O elenco foi um acerto em cheio e nem poderia deixar de ser. Com os anos de bagagem, o autor conseguiu reunir um elenco digno de novela das 21 Horas e todos parecem ter abraçado a causa. Tony Ramos e Irene Ravache, mesmo não tendo suas histórias desenvolvidas neste primeiro capítulo, mostraram que conseguirão sair da sombra de Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Mariana Ximenes e Drica Moraes também apareceram pouco, mas mostraram o impacto de duas grandes atrizes com boas personagens nas mãos. Reynaldo Giannecchini, em seu primeiro trabalho pós doença, deixou uma pulga atrás da orelha. Com uma composição que lembrou muito a de Pascoal, seu personagem em Belíssima, o ator incomodou em alguns momentos e fica a torcida para ele encontrar o tom, assim como Edson Celulari que enfeitou tanto seu personagem que deu um ar diferente do que precisava. Glória Pires, 200 tons acima, em uma interpretação selvagem, teatral e cheia de furor foi o grande destaque desta estreia. A atriz se despiu de tudo que já fez na TV e mergulhou de cabeça nesta obra, de longe já foi a melhor e tomou conta do folhetim.

O destaque negativo de uma estreia que contou até com uma abertura simpática - apesar da animação lembrar o tempo todo alguns elementos do infantil Castelo Rá-Tim-bum - foi a direção. Jorge Fernando coloriu tanto o primeiro capítulo que, ao invés de dirigir, causou enjoo. O diretor que acertou tanto a mão em Tititi justamente por saber dosar o exagero com a simpatia das cores, não teve a mesma felicidade neste primeiro capítulo.

Embora tenha tido um ou outro equívoco, é inegável que a estreia de Guerra dos Sexos foi acertada e deixou boas expectativas. É seguro dizer, inclusive, que superou a estreia de sua antecessora que havia apresentado um elenco inseguro e completamente fora do tom. Se crescer tal qual Cheias de Charme fez, vem coisa boa por aí.

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