Estreou na noite da última segunda, a nova superprodução da Rede Globo. A segunda telenovela do horário das 23 Horas - a primeira foi O Astro, exibida em 2012 - adaptação de Walcyr Carrasco da obra literária de Jorge Amado, Gabriela teve um capítulo especial de estreia na segunda - sua exibição original será de terça a sexta sempre na faixa II da emissora - com 30 pontos de audiência, segundo dados prévios.
A expectativa era grande em torno deste primeiro capítulo e por diversos motivos. Muitos aguardavam para poder acompanhar novamente a saga da protagonista que já foi vivida na década de 70 por Sônia Braga em telenovela marcante também da Rede Globo e outros estavam na expectativa por assistir Walcyr Carrasco num horário bastante diferente do que ele escreve há mais de 10 anos - na Globo o autor sempre produziu para o horário das 18 e 19 Horas.
Porém, o autor ousado que escreveu para um horário semelhante no fim da década de 90 na TV Manchete a inesquecível Xica da Silva não mostrou a mesma ousadia agora. Cheio de vícios dos horários em que escreve há tempos, Walcyr apresentou os mesmos problemas de suas obras anteriores. O texto raso, com didatismo absolutamente exagerado deu o tom deste primeiro capítulo e, em alguns momentos, deixou as sequências bastante amarradas. Além disso, as frases clichês que o autor tanto gosta de usar e que soam artificiais também marcaram presença. Os típicos personagens do autor também estavam lá, apesar de ainda não terem sido completamente apresentados, foi possível notar os tipos característicos de humor da obra de Carrasco.
Se o roteiro desta estreia deixou a desejar, a direção de Mauro Mendonça Filho, tão elogiada em O Astro, seguiu o mesmo caminho equivocado. O diretor tentou imprimir o mesmo ritmo da obra anterior, com cortes rápidos e cenas descontínuas. Mas com outro formato de história e texto muito mais didáticos, as cenas ficaram soltas, sem qualquer ligação e não houve sentido algum. A impressão de quem assistia era de um produto editado às pressas e com diversas cenas cortadas que tiraram completamente a continuidade da obra.
O contraponto desta estreia abaixo do esperado foi o elenco. Com qualidade impar, todos mostraram o acerto da produção na escolha dos nomes. Destaque para Antônio Fagundes, dando show novamente e para Juliana Paes que mostrou ter sido a escolha mais acertada para o papel de Gabriela. Ivete Sangalo, apesar de apresentar pequenos problemas - os movimentos labiais incomodaram bastante - mostrou-se firme e correta na interpretação, não destoando do elenco.
Numa estreia que até a escolha de fotografia para diferenciar a primeira fase foi equivocada - as cenas de guerra em sépia foram terríveis - e com uma abertura linda e bem planejada, o telespectador não sabe o que esperar dos próximos capítulos. A expectativa é que Walcyr Carrasco abandone suas características marcantes em horários anteriores, ouse mais e que Mauro Mendonça Filho consiga achar o tom na direção, senão, é difícil apostar que Gabriela manterá a qualidade de O Astro.
2 Quebraram tudo:
Difícil é o nobre crítico elogiar um trabalho do autor em questão sem comparar aos demais e tratar a obra com a isenção necessária , todas as críticas que li foram unânimes em elogiar o 1º cap. sem esses vícios e didatismos que só vc viu...no + tenho esperança que esse comentário seja publicado..pq ja comentei outras vezes e NUNCA tive o prazer de vê-lo por aqui...
Fui ver o episódio de ontem, só pra checar se tudo que foi dito no review estava correto. Não encontrei esses problemas citados não.Talvez eu simplesmente não tenha visto, talvez o episódio de ontem não os tenha tido, talvez essa crítica acima tenha sido feita de má vontade, talvez do 1º capítulo até agora o texto tenha melhorado. Agora a direção realmente não está boa, ela briga com as cenas.
Mas uma coisa eu confirmei: Gabriela não é pra mim, é uma novela feita exclusivamente para os novelistas nostálgicos, ao contrário de O Astro. Gabriela é de uma outra época, de inocência. As tramas que a novela apresenta foram, é claro, apresentadas várias vezes de várias formas mais eficientes ao longo dos anos, o que a torna cansativa para aqueles que se acostumaram com a qualidade atual eventual das telenovelas.
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