segunda-feira, 18 de abril de 2011

Entrevista: Duca Rachid

O Brasil tem sido unânime e a repercussão da nova novela das 6 parece atingir proporções únicas em aprovação. Cordel Encantado estreou há uma semana e já conquistou o Brasil. Muito disso se deve ao talento de suas autoras, a dupla Duca Rachid e Tehlma Guedes. A dupla que começou como colaboradoras de outros autores globais e assinam folhetins juntas há alguns anos - já são três trabalhos: o remake de O Profeta, Cama de Gato e, a atual, Cordel Encantado - estão em evidência novamente devido a qualidade textual de sua obra, muito elogiada pela crítica.

E, mesmo diante de tamanha correria por conta da necessidade de escrever, Duca Rachid aceitou dedicar um espaço em sua apertada agenda para conversar com o TVxTV e falar um pouco sobre seu trabalho. A entrevista ocorreu via email em um excelente clima proporcionado pela autora que, mesmo em evidência, mostrou-se uma pessoa de extrema simpatia. Um prazer conversar com alguém assim que, além de tudo, aparenta ter muito conhecimento sobre o universo da teledramaturgia. Confira na íntegra a entrevista com Duca Rachid.


TVx TV: Antes de falarmos da nova novela, vamos falar um pouco sobre sua carreira. Você foi colaboradora por muitos anos. É fundamental que um novelista seja, antes de tudo, um colaborador?
DUCA RACHID: Acho que esse é o caminho mais natural. É colaborando que a gente aprende todo o processo de montar uma história com fôlego, escrever uma sinopse, planejar os capítulos, um a um, administrar uma equipe - não só os colaboradores, mas a relação com o diretor, com a produção, com os atores...  É muito difícil ser colaborador. Porque o colaborador é uma autor também. Mas tem que se despir de suas próprias pretensões autorais, para ficar  colado no "cabeça de equipe", viver a novela com ele, dar ideias boas e pertinentes, e escrever do jeito que ele precisa. Um bom colaborador vale ouro!  Ele trabalha nos bastidores para deixar o autor brilhar. Nós valorizamos muito nossas colaboradoras. Thereza Falcão, por exemplo, está comigo desde quando assumi a cabeça de equipe do Sítio do Picapau Amarelo, em 2007. Assim como o Júlio Fischer e o Alessandro Marson. Nossas novas e maravilhosas "aquisições" são a Manuela Dias e a Daisy Chaves. Autoras de grande talento! Sim, porque o colaborador é um autor também... Pode não estar à cabeça da equipe, mas é um autor. Tem um papel importante na equipe. Pelo menos na nossa. Nossos colaboradores dão ideias, criticam, intervêm bastante na novela.

TVxTV: Cordel Encantado tornou-se um fenômeno de repercussão muito antes da estréia devido ao tema ousado e de tudo que envolveu a produção, como a incrível fotografia. A pressão aumenta diante disso?
DUCA: A responsabilidade sempre é grande no horário nobre da emissora. O horário das seis é muito importante. É ele que estabelece o patamar de audiência, a partir do qual os outros produtos terão para alçar seus voos. A novela das seis tem a tarefa primeira de conquistar e atrair o público. Talvez por isso mesmo ela deva ser muito sedutora. Afinal,  tem que convidar o espectador para a brincadeira e para o sonho da ficção. Assim sendo, o que não pode faltar é essa atmosfera onírica, esse convite para sonhar, a partir de elementos míticos, da fábula, do conto de fadas. Mesmo quando a novela é realista, como no caso de Cama de Gato, tem que ter um pé no sonho.

TVxTV: Com uma semana no ar, muitos já consideram Cordel Encantado a melhor novela no ar atualmente. Qual a sensação ao saber disso?
DUCA: A gente torce e trabalha muito para  que Cordel seja uma novela inesquecível. 

TVxTV: Como você e Thelma Guedes dividem o processo de escrita?
DUCA: Nos encontramos diariamente, estruturamos os capítulos juntas, passamos para os colaboradores. Depois relemos, mexemos, passa tudo pelas duas. Construímos uma dinâmica criativa, que funciona maravilhosamente bem.

TVxTV: Não só o texto, mas toda a produção de Cordel Encantado vem sendo elogiada. Isso é um marco para as telenovelas, uma produção tão caprichada. Dá emoção ver seu texto indo ao ar em meio a uma produção tão bem feita?
DUCA: A gente sabia que a história seria bem realizada. Afinal, essa é uma marca do núcleo Ricardo Waddington e da direção geral da Amora Mautner. Mas  dessa vez, a direção, a produção de arte, a cenografia, o figurino se empenharam tanto, fizeram um trabalho tão maravilhoso, criativo e único... Eles nos surpreenderam. O resultado disso tudo no ar nos emocionou muito!

TVxTV: O blog considera você e Thelma Guedes as grandes revelações da teledramaturgia atual. Depois de João Emanuel Carneiro que já se tornou consagrado, vocês aparentemente, seguem o mesmo passo. A intenção é manter a parceria por muito tempo ou podemos esperar novelas somente de Duca Rachid?
DUCA: Obrigada  pela confiança e apoio de vocês.  Mas acho que não é o momento da gente pensar numa "separação". Temos uma longa jornada em dupla pela frente. E eu, particularmente, estou muito feliz com essa parceria. 

TVxTV: Duca Rachid e Thelma Guedes, depois vem uma novela de Lícia Ranzo, Vincent Villari e tantos outros novos autores surgindo. Você considera a nova safra de autores bons? A renovação no casting de autores da Globo é importante?
DUCA:  É gente tão talentosa! E me identifico muito com o trabalho deles. Somos de uma geração que cresceu vendo TV. Ou seja, fomos muito influenciados por esses grande autores que inventaram uma nova linguagem para  esse "novo" veículo, como o Walther Durst, a Janete Clair, o Dias Gomes, a Ivani Ribeiro, e tantos outros autores que vieram do rádio. A gente tem uma intimidade enorme com esse veículo! Eu, por exemplo, cresci no subúrbio, na zona leste de São Paulo. Não tinha acesso a teatro, a cinema. Minha janela para o mundo era a TV e a literatura. Só mais tarde comecei a ir com frequência ao cinema, ao teatro.  Acho que a gente é privilegiado nesse sentido: já termos um caminho a seguir. Uma linguagem já tinha sido construída quando chegamos à TV. E não dá pra abrir mão dela. Agora é andar pra frente, incorporando as  influências dos movimentos cinematográficos, teatrais, literários da nossa época; a influência de outras mídias, como os quadrinhos, as artes plásticas, a internet, sem deixar de olhar pra trás, para tudo o que já foi feito. Não consigo avaliar ainda o que TV ganha com isso. Com certeza, deve ganhar muito. O que eu sei é que em qualquer área, é preciso haver sempre uma renovação. É preciso estar sempre se reinventando. Estar antenado a sua época, e às mudanças do seu público.

TVxTV: Deixe uma mensagem para os telespectadores e nos diga o que esperar ainda de Cordel Encantado.
DUCA: Acredito que a novela contenha os principais elementos para agradar o público: é um convite ao sonho, uma história de amor impossível, tratada com emoção, humor e aventura. Tomara que os telespectadores concordem comigo e embarquem conosco nessa viagem.

5 Quebraram tudo:

Unknown disse...

Adorei a entrevista.
As autoras estão de parabéns, é a única novela inédita que é ótima.

Paula Teixeira disse...

Duca Rachid é linda, em todos os sentidos. Só isso que posso dizer ... A novela expressa essa sensibilidade, pois é uma história que toca o coração, de forma leve e incisiva!

Matheus Rocha disse...

Excelente entrevista, parabéns ao blog!

Yuri Silva disse...

SENSACIONAL!
GENIALIDADE É ISSO, BRASIL!

Wander disse...

Que novela PERFEITA!!!! As autoras estão realmente de parabéns! Uma historia linda, um texto dinâmico, personagens e diálogos muito bem construidos. Por enquanto é sim a melhor novela no ar, já que Insensato Coração ainda está na promessa (ainda tneho fé). Estou muito feliz por essa nova safra.. JEC nos surpreendeu muito pela sua ousadia e agora essa dupla de autoras maravilhosa.. parabens pela entrevista.

Alias, abrindo um parênteses, A Bianca Bin me surpreendeu totalmente nessa novela! Está muiito convincente; eu que sempre achei ela muito sem graça, está demonstrando tanto brilho que da até gosto de ver!

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