Quem assistiu ao razoável primeiro episódio de Na Forma da Lei, foi surpreendido com a seqüência de outros dois episódios exibidos nas últimas duas terças-feiras pela Rede Globo. O que, a princípio, parecia uma série razoável, com um bom roteiro e alguns equívocos aceitáveis, tornou-se uma verdadeira sessão de horrores causando náusea a qualquer fã do gênero.
Os episódios 2 e 3 estiveram muito abaixo da crítica. O autor Antônio Calmon tentou definitivamente seguir o modelo americano de se fazer televisão e construiu um roteiro baseado numa grande história que evolui pouco a pouco em cada episódio, porém, a cada semana há também uma história diferente envolvendo cada um dos protagonistas, exatamente no estilo CSI ou Dexter.
Definitivamente, a premissa da série não é ruim, ao contrário, há um argumento muito interessante e, na forma como o autor decidiu desenrolar os acontecimentos, o público fã de séries que abordam o mundo judicial (como Damages) comemora, afinal é um feito inédito no Brasil.
Com isso, fica claro que todos os ingredientes de uma boa produção estão ali: bom argumento, ótima premissa, abordagem que já é sucesso no mundo e ambiente que agrada boa parcela do público. Nada disso foi capaz de dar a Na Forma da Lei, uma estrutura minimamente aceitável para os padrões da televisão (mesmo na TV brasileira, em que o formato seriado ainda engatinha).
As histórias de cada episódios são extremamente fracas, toscas e, na maioria das vezes, sem pé nem cabeça. Do Deputado laranja e parente do Senador corrupto que, sabendo ser alvo de assassinato (um minuto de silêncio por esta ‘genialidade’) decide se vingar, gravando uma entrevista comprometedora, ao caso de um criminoso líder de uma facção criminosa em Campo Grande e que atende pelo carinhoso nome de Exú Caveira, nada funciona ali.
Se no segundo episódio (o do deputado laranja) ainda houve suspense e algum tipo de coerência nos acontecimentos, o episódio de ontem foi uma das produções mais constrangedoras da TV Globo. Afinal, uma história em que uma delegada federal que sai do Rio de Janeiro rumo a Campo Grande para prender um traficante e que invade uma favela, sem mandato, e, ao melhor estilo Justiceiro de faroeste, encara este criminoso num duelo de armas e, detalhe, salva no último segundo pelo parceiro, para em seguida, chorar copiosamente, não dá para ser levada a sério, certo?
Se o roteiro de Na Forma da Lei é péssimo, as atuações beiram o ridículo. Poucas vezes a emissora carioca conseguiu reunir em uma só produção, interpretações tão equivocadas como ocorre nesta série. As composições estão todas, sem nenhuma exceção, caminhando e dançando com muita alegria pelo maniqueísmo, como se isso fosse uma qualidade, e pela superficialidade na composição de cada personagem. Aqui cabe uma exceção: Luis Melo, que encarnou divinamente o papel do Senador corrupto e inescrupuloso, porém que pensa na família e, por isso, tem traços de humanidade muito interessantes.
É uma pena ver que um argumento interessante, numa série que poderia durar diversas temporadas, principalmente porque o tema é muito recorrente no país (o Poder Judiciário tentando não cair na corrupção do Poder Político), perdeu a mão e não há mais salvação, pois o roteiro, o que interessa mesmo, é constrangedor.
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4 Quebraram tudo:
Eu concordo em gênero, número e grau.
Força Tarefa faz falta mesmo, eu já percebi antes de estrear que Na Forma da Lei seria trash, o autor Antonio Calmon só faz porcarias nos últimos tempos. Três Irmãs foi um exemplo...
Sobre o elenco é mais uma decepção!
A Globo pode até errar em muitas coisas, mas o elenco às vezes é a única coisa que acerta, nessa vez nem isso deu certo... Dá pra contar no dedo os atores que estão encarnando o papel bem!
Destaque negativo para Luana Piovani, eu espero que a Globo nem pensa em outra temporada dessa série!
Que bom que seus posts no blog voltaram!
Eu estou assistindo Na Forma Da Lei e tive uma reação parecida com a que você descreveu sobre o último episódio.
Fiquei empolgada com a proposta mas ela foi não desenvolvida como merecia. Estou até pensando em não acompanhar mais..
Que bom que vc voltou e escrever. Estava com saudades de seus posts "afiados".
Concordo, tentei não rir assistindo Na Forma da Lei, anteontem. As cenas da Luana Piovani foram sim muito constrangedoras, super-clichês. Cenas que já foram épicas a muito tempo atrás, mas que hoje não causam efeito e beiram o ridículo.
As interpretações também deixam muito a desejar. O ator que faz papel de juiz, que é um dos amigos do grupo protagonista, alem de falar com a boca hiper torta, não tem impostação vocal nenhuma. Justo em um papel de uma autoridade tão importante, merecia uma composição melhor e um ator melhor para fazê-lo.
Vou assistir mais 2 episódios, se continuar assim (o que é provável), deixo de acompanhar.
Daniel (putz, que susto tu me deu!)
Bem vindo de volta.
Concordo inteiramente com o teu post.
Acho que esta série não disse a que veio.
Posso estar até enganado, mas acho que mesmo a emissora não está confiando tanto no produto: não vejo muitas chamadas na programação. Enfim...
Só um toque (pra não perder o costume): MANDATO = período de permanência em um cargo, eletivo ou não. MANDADO: ordem judicial.
Um abraço.
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